segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O Gênio da Lâmpada Literária


Hoje faz cem anos que ele se foi. Ou, como dizia o Rosa, "ficou encantado".

Não nascido em berço esplêndido, epilético, gago, Joaquim Maria Machado de Assis acreditou em si, quando muitos, em sua situação, não acreditariam. Sua paixão pelas letras o levou a desafiar o destino de mestiço da periferia carioca. Foi vendendo doces no colégio que Machadinho, como era carinhosamente chamado, entrou em contato com o mundo letrado. Esse foi o primeiro passo rumo ao reconhecimento por parte do público. À partir daí, o talento somado ao esforço contínuo, fez Machado de Assis se tornar um grande contista, cronista, dramaturgo, jornalista, poeta, romancista, crítico, tradutor, e mais e mais. Polivalente, transitava por várias áreas, sendo completamente competente em todas elas. Por estas e por outras, é considerado por muitos o maior nome da Literatura Brasileira.

Desde a sua primeira publicação, o poema "Ela"(1855), até o seu último romance, "Memorial de Aires"(1908), sua escrita foi amadurecendo a cada obra. Os personagens de Machado saltam das páginas. Verossímeis, retratam perfeitamente o ser humano com todas as suas imperfeições. Todo homem é um pouco Bentinho, Brás Cubas, Quincas Borba, Simão Bacamarte... Se Freud tivesse conhecido Machadinho, teria aprendido muito com ele.

E a mulher machadiana?! Todas as mulheres são um ponto de interrogação no olhar masculino. Mas Machado era diferente, entendia muito bem a alma feminina. Para ele, somos exclamação e reticências. Capitus somos todas nós! Fortes, decididas... Ambíguas, quando convém. Somos dóceis, delicadas. Temos um pouco de Helena também.

Três mulheres reais foram muito importantes para de Machadinho: a madrasta, a madrinha e a esposa. Cada uma foi o apoio e o impulso de que ele precisava em diferentes fases da vida. Com a morte da companheira, Machado passou a se sentir triste e solitário. Deixou-se levar pela morte no dia 29 de setembro de 1908. Suas obras, imortais, brilham como lâmpadas iluminando o difícil e aprazível caminho da Literatura, por onde nós tentamos seguir.

9 comentários:

Dauri Batisti disse...

Tão bom ler isto. Me trouxe um sentimento agradável: admiração.
Parabéns pelo bonito texto.

Anônimo disse...

o Dauri tem toda a razão: texto muito bonito e Machado é realmente magnífico. belo post. abraço.

διδαχη disse...

Não li nada seu ainda. Lerei. Mas quem sois?

Jacinta Dantas disse...

Lembro-me bem quando fui apresentada a ele através de Capitu. Eita mulher que eu aprendi a gostar.
Reverenciemos a Machado de Assis.
Beijo e bom final de semana

Josely Bittencourt disse...

Ei flô,

adoro teus textos, acho muito legal a naturalidade, como: "Todo homem é um pouco Bentinho, Brás Cubas, Quincas Borba, Simão Bacamarte..." Bom demais esse trecho!

beijão, Carlinha!


P.S.: O www.livroclip.com.br tá com um clip legal sobre um livro com 50 contos do Machado e mais um monte de informações interessantes, passa lá flô!

Ilaine disse...

Lindíssima resenha sobre Machado de Assis.Prabéns! Helena me marcou muito, lia e relia. Adorava-a, devo ter tido muito dela.

Maravilhoso te ver lá "em casa"

Beijo

GAZUL disse...

Assim ó ...a mãedrasta, a mãedrinha e a mulé, que não era Jocasta, mas... hshshshsss

διδαχη disse...

Bom ler isto. Saber que alguém lembrou. Eu mesmo esqueci. Ou não atentei. Dá no mesmo. Concordo com a Jo. Frase interessante. Eu radicalizaria, entretanto. Não sei se "pouco". Diria não mais do que isso. "Pouco" é pouco.


Carla?

meus instantes e momentos disse...

sempre muito bom voltar aqui.
Maurizio