sábado, 25 de setembro de 2010

Le Petit Prince


Em seu pequeno mundo
Encontrará uma flor
Aprenderá a regá-la
E saberá deixá-la
Para conhecer outras flores
E mundos maiores

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

hidrófila


no deserto dos gestos
secos
arrulhos de flor em cor
ação vermelha seiva
nas veias de vidas
pulsam olvidos em
ecos

domingo, 12 de setembro de 2010

Maríntimo


Hoje eu acordei com vontade de rever o meu psicólogo. De tempos em tempos preciso da consulta. Arrumei o cabelo, passei batom, e fui! O coração tocava, descompassado, um samba de Lamartine, ansioso pelo encontro, quero dizer, pela consulta. Dentro do ônibus, o meu olhar perdido nas janelas viajou para um destino desconhecido. Olhei para mim, mas não me vi. Eu só me enxergo diante dele! Por isso, o procurei impacientemente. Eu precisava de mim!
De repente, o avistei! Azul! Hoje ele estava mais azul! Parecia ter concentrado toda a sua cor para mim. Desci do ônibus. Caminhei ao encontro dele, me joguei na areia e deixei a sua língua azul lamber os meus pés. Fiquei ali, parada, olhando para ele. Estátua de açúcar derretendo-se ao sal. Mordi nos lábios o gosto das lágrimas. Então me vi, refletida no espelho de soro.
Ao longe, o voo das garças rompeu o silêncio das ondas. O coração retomou o batuque torto, como os meus passos na areia.
Fim da consulta. Voltei para casa desarrumada e sem batom, mas com a alma alva e leve, como as asas das garças.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

lápis-lazúli


leve a lida
lave as luvas

da vida ficam as uvas
que o ivo viu