sábado, 28 de fevereiro de 2009

Alice no País das Buganvílias III


"Mas é claro! Coisas fantásticas já estão acontecendo! Voar dentro das buganvílias pendurada nas asas de uma borbô, aaaaaiiii!" A borboleta soltou Alice e ela caiu no meio dos espinhos. Só nesse momento, a menina percebeu que não via mais os raios de sol atravessando as folhas, não ouvia mais o barulho dos carros na rua e não sentia mais o cheirinho do almoço que a vovó fazia. O sol não estava lá, mas o lugar era claro, claríssimo. Era um lugar estranho, havia muitos bichinhos se mexendo. "Espere aí, esses bichinhos são, são... largatas! Argh! Que nojo!" Alice sentia uma enorme repulsa por aqueles bichinhos molengos, por isso, ameaçou correr, ir para bem longe, o mais longe possível, mas foi cercada pelas lagartas. "O que você disse, menina?" Alice arregalou os olhos, nunca tinha visto, nem ouvido uma lagarta falar. "Você tem nojo de nós? Não sabe que nos transformamos em lindas borboletas, como essa que te trouxe aqui?" Alice estava começando a ficar com medo, porque todas as lagartas a cercavam, não deixando espaço para ela passar. Ela queria pisar nelas, amassá-las, como fazia no quintal da vovó, mas não podia, porque, à medida que os rastejantes bichinhos se aproximavam de Alice, cresciam até se tornarem do seu tamanho. "O que é isso? Me deixem sair daqui!" Gritou Alice. "Você vai ter que nos pedir desculpas, nós não somos nojentas, somos limpinhas." Alice ficou indignada! "Eu, pedir desculpas a largatas?!" Mesmo com medo, a menina não dava o braço a torcer, pedir desculpas era coisa que ela nunca fez na vida, e não seria para simples lagartas que ela faria. "Esperem um pouco, largatinhas, podemos ser amigas". Alice era dissimulada e esperta. Decidiu que sairia do meio das lagartas sem se desculpar. Será que ela conseguiu? O que você acha, leitor(a)? Veremos, ou melhor, leremos.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Alice no País das Buganvílias II


A borboleta ficou parada olhando para a menina. Alice, então, percebeu os pequenos olhos borbolêticos e esticou os braços lentamente, querendo pegá-la pelas asas, mas o bichinho movimentou suas asas amarelíssimas, o que provocou um vento estranhíssimo. Alice não desistiu. Agora, mais do que nunca queria pegar aquela borboleta e arrancar-lhe as asas. E num brusco movimento a garota partiu para cima da borboleta! Conseguiu pegá-la? Você está curioso(a), não é leitor(a)? Sim, Alice finalmente conseguiu segurar o aéreo bichinho pelas asas. Então, começou a se dar por vencedora, mas logo percebeu que havia algo de errado. Alice puxava as as asas amarelas com força e quanto mais puxava, menos as asas vinham em suas mãos. A menina já estava bufando de raiva quando, de repente, a borboleta levantou voo. E, olha que maravilha! Alice foi junto, pendurada nas pequenas asas. Ela não entendeu nada. "Como pode uma borboletinha tão pequena carregar uma menina do meu tamanho?" Alice só tinha sete anos, mas era grande e forte, mais encorpada que as outras meninas dessa idade. Assim, voando nas asas amarelas, Alice se lembrou das formigas que vinham penduradas nas folhas. O que Alice fazia com elas? Você se lembra? Isso mesmo, esmagava as bichinhas! "Será que essa borbô vai me esmagar também?!" Alice se desesperou e, só então tentou, sem sucesso, se desgrudar das asas. E a borboleta continuava voando com Alice pendurada. Veja, que curioso! A borboleta voava no meio das buganvílias que cercavam a cerca, entre os galhos frondosos e espinhentos. Alice cada vez mais entendia menos o que estava acontecendo. De repente, ela se lembrou da Alice de Lewis Carroll, aquela que entrou numa toca, correndo atrás de um coelho. "Ah! Será que vão acontecer coisas fantásticas comigo, assim como aconteceu com a outra Alice?!" Alice começou a gostar dessa história.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Alice no País das Buganvílias I


Alice era uma menina esperta, muito esperta, levada e bonita. Estava brincando no quintal da casa da avó, sozinha, pois a irmã mais velha não quis saber de brincadeira. Na verdade, as outras crianças não gostavam de brincar com Alice. Ela era muito dominadora, mandona, gostava de determinar o que, onde e quando brincar. E ai de quem não cedesse aos seus caprichos! Bem, aquele dia em que ela brincava sozinha estava lindo, o céu estava mais azul, as nuvens estavam mais branquinhas, as plantas mais verdes, o vento mais fresquinho.
Alice se deteve diante do formigueiro, viu as formigas, as mais vermelhas e cabeçudas que já tinha visto na vida. Os bichinhos levavam folhas para o buraco. Alice sempre se divertia roubando as folhas das formigas, mas elas grudavam tanto nas folhas, que acabavam vindo penduradas nelas. O que Alice fazia? Caros leitor e leitora, com medo de ser picada, Alice simplesmente amassava as formigas, e isso lhe dava uma sensação de poder e força, que gostava de sentir. Mas, de vez em quando, as outras formigas davam o troco, picavam aqui, picavam acolá, e Alice, com raiva, pisava em todas e amassava tudo, folhas, formigas e o que mais estivesse no caminho. Era assim que a menina passava todas as manhãs de férias, mas aquela manhã, como eu já falei, estava especial. Alguma coisa tão especial quanto a manhã estava para acontecer.
Depois de amassar muitas formiguinhas, Alice olhou para o alto e viu uma linda borboleta amarela, de um amarelo mais amarelo do que todos os amarelos do mundo. A borboletinha fazia voos espetaculares, ziguezagueava no céu, subia e descia, e pousava. Outra grande diversão de Alice era arrancar asas de borboletas, por isso, correu atrás daquela. Mas a borboleta amarela era mais esperta. "O que é isso?", pensou Alice, "essa borboleta não pode ser mais rápida do que eu, ninguém é mais esperto do que eu". E, então, determinada a tirar as asas amarelas da borboleta, Alice seguia os seus voos. E a borboletinha subia, descia e ziguezagueava no ar, até que finalmente pousou no pé de buganvília que cercava a cerca do quintal. Alice se aproximou devagarinho...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Diário noturno


A noite acorda
Boemia traz
A lua ao lado
Leste
O meu diário
Segredo revelado
Sabes
O sentimento
Outrora guardado
Agora espalhado
Ao sabor do luar
Achaste
A chave do desejo
Escondido no passado.