domingo, 25 de abril de 2010

Liscactor


Floresce a coragem
no deserto. Está perto
do coração selvagem

quarta-feira, 21 de abril de 2010

A víbora


escar late
o veneno
verdoso
é o antídoto

sábado, 17 de abril de 2010

Tempo


O melhor remédio
Um senhor de barbas brancas
Leva a dor e o tédio

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Monólogo


- Eu sei que você não é feliz. De alguma forma, sinto. Te conheço mais do que imagina. Não pela convivência, pois não temos. Eu leio você, o meu livro predileto. Talvez, comigo sentiria menos peso. Sim, peso. Ela pesa a sua vida, e eu, eu sou leve. Ela pesa, mas você gosta. Não! Acho que não gosta. No entanto, não quer se livrar. É um paradoxo? Um feitiço, talvez! É isso, ela é uma bruxa, fada, maga... Eu não sei a receita, não sei ser bruxa, nem fada, nem anjo, nem demônio. Só sei ser eu e os muitos eus, que não necessariamente disfarces, apenas defesas. Ela sim, consegue ser o que quer, para te encantar. O pior é que você conhece todas as suas máscaras e ainda aplaude, na primeira fila, o espetáculo. E sofre. E gosta de sofrer. Será mesmo que você gosta dela? Ou das personagens? Quanto a mim, o feitiço te cega. Até tentei ser sua guia, mas você preferiu caminhar com as pernas dela. Tentei me aproximar, você me rechaçou. Nem amizade! Ela não deixa e você não quer. Oh, você não quer! Talvez por medo! Descobri que sou mais forte do que vocês dois. Sim, sou leve e forte! Serei uma ameaça? Ameaça a quê? Bem, isso só você pode dizer. Mas não diz. Não age, nem reage. E então ficamos assim, sem verbo entre nós. Sem ação, não há como desatar os nós entre nós. Nós? Alguma vez houve nós? Creio que não! Nos raros e rasos contatos houve você. Eu só ouvia. Eu apreendi você em cada palavra, em cada gesto. Entretanto, você fez pouco caso do meu silêncio, não quis ouvi-lo. Não me mostrei porque você não deu chance. Jamais dimensionou a perda. Não sabe o que perdeu. O erro foi meu. Ouvir e não falar. Finalmente, agora falo. Está ouvindo? Penso que não. Está longe. A bruxa te levou definitivamente. Mas, há algo definitivo na vida, a não ser a morte?
Você foi o sonho que a distância impediu de se tornar pesadelo, até então,