terça-feira, 21 de abril de 2009

transe são


pulo corda com a linha
do horizonte
brinco de esconde-esconde
atrás do arco-íris incolor
branco total?
omo sapiens
a vida não é mar
de margaridas garridas
aguerridas guerrilhas
amarga idas
e vindas
e findas.

sábado, 4 de abril de 2009

Alice no País das Buganvílias VII


Alice teve que engolir o seu orgulho para sobreviver. Percebeu que era hora de usar a esperteza. "Sim, senhora Fada Buganva, mande sua borbô me levar de volta ao meu mundo. Prometo fazer o vovô mudar de ideia, a senhora sabe que eu sempre consigo tudo o que quero, né?" O jeitinho meigo e a voz delicada de Alice fizeram com que a fada acreditasse em sua promessa. E assim Alice voltou, pendurada nas asas amarelas da borboleta. Ufa! Foi por pouco! Quando botou os pés no chão, a menina viu o avô com o machado na mão. "Espere vovô!" Ela gritou, sentindo um misto de felicidade e medo. "Me dê esse machado aqui, vovozinho! Não corte a buganvília!" Ah! Então Alice decidiu ajudar os habitantes do País das Buganvílias? Você deve estar se perguntando, não é, leitor(a)? Continuemos a leitura! "Quem vai cortar essa planta sou eu." Alice disse essas palavras com toda a firmeza que o medo lhe dava. O avô, como sempre, fez a vontade da netinha. Assim, a menina cumpriu o que disse, foi a primeira a dar machadada bem dada na buganvília, mas a machadada não foi tão bem dada assim, pois o machado era muito pesado para uma criança de sete anos. É claro que ela não conseguiu cortar tudo sozinha, mas o gostinho da primeira machadada ela teve, ah, se teve!
E lá se foi o País das Buganvílias, rendido à lâmina do machado! Alice ficou o tempo todo parada, observando a queda da planta. Depois, ajudou o vovô a jogar os galhos no terreno baldio que fica no final da rua. A irmã de Alice colheu algumas flores-folhas ou folhas-flores, sei lá, e colocou em um jarro com água para enfeitar a sala. Alice não gostou da ideia, tinha medo de ser arrastada de novo para dentro delas, por isso, nem passava na sala durante os dias em que as flores-folhas ou folhas-flores sobreviveram. Ela preferia ficar no quintal, assistindo de camarote à construção do muro. Não sei se Alice se arrependeu de não ter salvado o País das Buganvílias, só sei que ela desenhou um pé de buganvília bem bonito, pintou de lilás, colocou numa moldura e pendurou no muro. A vovó gostou muito dessa atitude da neta. "Um quadro no muro! Só podia ser coisa da cabecinha da Alice, essa fogueteira!"
Alice nunca mais tentou arrancar asa de borboletas, mas as formiguinhas, bem, essas ainda sofrem em suas mãos.