Ela navega em ondas de letras.
Onde as palavras ventam.
Ela tenta segurar-se à nau frágil.
"Devo seguir até o enjôo?"
No movimento do vai e vem foi.
Naufrágio inevitável.
Ela perde a nau, perde o horizonte.
Onde ficou o porto?
No fundo do oceano de letras.
As borboletas se agitam no estômago.
Ela estende as mãos, encontra o espelho.
O espelho é a pedra de sal das palavras.
"No meio do caminho tinha uma pedra".
O olhar refletido apressa o vômito.
No fundo do mar de letras encontra o âmago.
Ela descobre no avesso a força.
"É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio".