terça-feira, 24 de março de 2009

Alice no País das Buganvílias VI


A borboleta agarrou Alice com as anteninhas. A garota estava p. da vida com aquela borbô, xingou horrores, mas a borboletinha nem ligou. Jogou Alice em cima de umas folhas bem verdinhas e sumiu novamente. Quando a menina levantou os olhos, viu uma pessoa toda verde em sua frente. Não era o Incrível Hulk, nem o Incrível Miserável, tampouco um marciano. Era uma mulher de pele verde, olhos verdes, cabelo verde e vestido verde. Alice, muito encrenqueira, tratou logo de perguntar: "Por que você não usa uma roupa de outra cor? Quase não dá pra ver o seu lindo vestido. Não acha que tudo verde fica sem graça?" A mulher sorriu e disse: "Linda menina, eu não mandei a minha serva trazer você aqui para falarmos de moda, essa é uma coisa tola, com a qual só vocês, humanos, se preocupam." Alice interrompeu: "Ah! Quer dizer que aquela borbô filha da p. é sua criada? Quem é você? Por que mandou me trazer aqui?" A mulher verde, meio atônita com tanta pergunta, disse: "Escute sem me interromper. Direi tudo o que você quer saber: eu sou a Fada Buganva, a guardiã da País das Buganvílias, mandei te chamar para pedir um favor." Alice, nesse momento, era só ouvidos bem abertos, tamanha a sua curiosidade! Depois de uma breve pausa, a fada continuou: "Como você sabe, seu avô está planejando construir um muro no lugar da cerca que sustenta esse país, ou seja, o pé de buganvília. Se ele cortar a planta, todos nós que vivemos aqui morreremos junto com ela." Depois de ouvir o bastante para satisfazer a sua curiosidade, Alice não atendeu mais o pedido da fada e interrompeu: "E o quico? Quicotenho com isso? Se meu avô quer cortar a buganvília e construir um muro, eu não posso fazer nada, eu nem moro aqui, só venho passar as férias. A casa é dele, o quintal é dele, a buganvília é dele, foi ele que plantou, quer dizer, foi minha avó que plantou." A fada, procurando se controlar para não dar uma bofetadas na menina, falou: "Seu avô gosta muito de você porque você é uma criança inteligente e sagaz, se você pedir com jeitinho para ele não cortar a buganvília, ele atenderá seu pedido." Alice, que já estava p. da vida, ficou ainda mais, super, mega, ultra p. da vida. "Não adianta puxar o saco, dizendo que sou inteligente ou sei lá o que. Detesto gente bajuladora. Não vou pedir nada ao meu avô. Quer saber?! Vou ser a primeira a dar uma machadada bem dada nesta planta." A Fada Buganva, percebendo que falar manso com Alice não adianta, mudou o tom da voz e falou rispidamente: "Se você não se comprometer em nos ajudar, nunca mais sairá daqui e morrerá conosco, quando aquele velho caquético der machadadas bem dadas nesta planta." E agora, leitor(a)? Será que Alice vai mudar de ideia e ajudar a salvar o País das Buganvílias? Cenas do próximo e último capítulo.

domingo, 15 de março de 2009

Alice no País das Buganvílias V


Quando estendeu a cestinha para o noivo pegar as alianças, Alice perguntou baixinho: "Por que você tá tão triste no dia do seu casamento?" O noivo olhou para Alice com seus cinco olhos - isso mesmo, não se assuste, leitor(a), as abelhas têm cinco olhos! - Bem, como eu ia dizendo, ele olhou para Alice e disse: "O que é isso, menina, vê se é hora de fazer perguntas?! Depois do sim eu te respondo". A garota compreendeu e se conformou em esperar, mas esperar era coisa que ela não sabia fazer, por isso, tão logo o Zangão desceu do altar, tratou logo de puxá-lo para um cantinho, enquanto a noiva recebia os cumprimentos dos convidados. "Então, por que você tá triste?" Ele, um pouco surpreso com a pergunta, disse: "Você não sabe?" Alice, muito malcriada, interrompeu o Zangão: "Se eu não soubesse, não estaria perguntando, oras bolas!" Zangão nem ligou para a malcriação da menina, deu um profundo suspiro e disse: "Estou angustiado porque daqui a pouco cumprirei minha missão neste mundo, ou seja, fecundar a Abelha Rainha, fazer um montão de abelhinhas e... morrer!" Alice entendeu, mas não aceitou. "Por que morrer? Você precisa ficar aqui para ajudar a mãe a criar os filhos". "Olha, menina, as abelhas não precisarão de mim, depois que eu fizer os filhotinhos. Elas dão conta de todo o trabalho na colmeia, por isso, nós, machos, somos poucos e vivemos só até a noite de núpcias, quando, finalmente, cumprimos o único trabalho que nos é designado". Alice, imediatamente, pensou nos humanos. "Sabe, Seu Abelho, eu acho que as mulheres tão ficando iguais as abelhas, só falta elas matarem os maridos, hahahahahah!" O Zangão não achou graça nenhuma, saiu de perto da menina e foi para o meio do salão, pegou sua noiva e, juntos, levantaram voo, o voo da vida e da morte.
Enquanto Alice olhava para cima tentando enxergar os noivos pela última vez, eis que ela aparece novamente. Ela quem? Você está se perguntando, não é, leitor(a)? Ela, a borboleta de asas amarelas, mais amarelas do que o amarelo do ouro. Você já esqueceu?! A borbô que trouxe Alice ao País das Buganvílias. E agora, para onde ela levará a menina? Eu também quero saber!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Alice no País das Buganvílias IV


Alice se sentou, estava muito cansada. "Largatinhas queridas, voltem ao seu tamanho normal." As lagartas se olharam sem entender nada. "Como assim, voltar ao nosso tamanho normal? Então, Alice entendeu que era ela quem não estava no tamanho normal. Aí, se lembrou de que isso aconteceu com a Alice da historinha. Deu um grito desesperado: "eu diminuí! E agora, será que vou ficar diminuindo e crescendo, como a outra Alice?" A lagarta chefe fez sinal para as outras se afastarem e se aproximou da menina, que ainda estava em pânico. "Sim, você diminuiu, mas não se preocupe, não vai ficar diminuindo e crescendo, não. Você só diminuiu para entrar no País das Buganvílias, e, se crescer, não caberá aqui." A voz calma da lagarta fez Alice se acalmar. "País das Buganvílias? Que lugar é esse? Além de largatas, tem outros bichos? Todos falam?" A garota estava muito assustada, mas a curiosidade era maior que o medo. A lagarta disse que o País das Buganvílias é habitado por borboletas, grilos, besouros, e que, elas, as lagartas, eram larvas desses insetos. Disse que tinha abelhas também, mas essas não se misturavam com os outros. E todos sabem falar. Nesse momento, Alice ouviu um barulhão tremendo. Era o exército de abelhas guerreiras. Elas vinham voando baixo, mas, desta vez, a missão era de paz. Elas anunciavam o casamento da Abelha Rainha. De repente, uma delas agarrou Alice com suas patinhas peludas. A menina se assustou, mas logo percebeu que estava sendo levada à festa de casamento. Ao chegar no Castelo das Colmeias, a criança se encantou com as paredes de cera pintadas com mel. Quando já ia metendo o dedinho para pegar um pouquinho de mel, uma das abelhas veio depressa com uma cestinha na mão, quer dizer, na patinha, dizendo: "tome, menina, leve as alianças, você será a dama de honra." Alice, ainda meio assustada, pegou a cesta, pisou no tapete vermelho, estendido da porta até o altar feito de própolis, e foi. Lá estavam os noivos. A Abelha Rainha era a noiva abelha mais bonita que Alice já viu - também, nunca tinha visto outra abelha noiva antes - ela estava com uma extensa grinalda amarrada nas anteninhas, estendida até as patinhas depiladas. O noivo era um lindo Zangão, que mais parecia o Brad Pitt das abelhas. Mas, aquele rostinho bonito estava triste. Será por quê? Pensam que Alice não perguntou? Hum! Perguntou sim, curiosa como só ela!