sábado, 27 de novembro de 2010

Os livros (ou os fantasmas) de Borges


Os Meus Livros

Os meus livros (que não sabem que existo)
São uma parte de mim, como este rosto
De têmporas e olhos já cinzentos
Que em vão vou procurando nos espelhos
E percorro com a minha mão côncava.
Não sem alguma lógica amargura
Entendo que as palavras essenciais,
As que me exprimem, estarão nessas folhas
Que não sabem quem sou, não nas que escrevo.
Mais vale assim. As vozes desses mortos
Dir-me-ão para sempre.


Jorge Luis Borges

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

fall'ácias


filosofias de botequim
em mesa de cupim
heideggerianos falares
e falácias
histórica mente
um borra Borges pensante
pensando ser gente grande
atirou a poesia pelo ralo
descobriu Bueiros Aires

sábado, 6 de novembro de 2010

Com vento


Ela ajeita as pétalas de primavera no vaso. O canto da sala se mostra indiferente. Lá fora, o canto do vento provoca o silêncio que ecoa na casa.
De súbito a porta se abre. Ele não pede licença. Agora tudo é movimento. Os girassois de Van Gogh se espalham por toda a sala. Sobre o piso, os cacos da moldura se moldam aos caos. E ela... ela sente a vida. Ele forma ondas no sangue, como no mar. Na lembrança o velho vinil: nada do que foi será.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

circunstância


não sei como seria
se fosse sem você
mas sendo Eu Sou